Liberar 100% da população da quarentena — ou seja, do isolamento social recomendado pelos órgãos de saúde do mundo inteiro como medida principal para combater o novo coronavírus (Covid-19) — não é a melhor estratégia. As notícias são de um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Oxford e do Centro Britânico de Hidrologia e Ecologia de Wellingford, os dois do Reino Unido.
Conforme o que revelaram as simulações feitas no levantamento em questão com a população britânica, o ideal seria finalizar a quarentena de forma gradual, mais especificamente em duas fases: em um primeiro momento, relaxar o isolamento de cerca de metade da população (daquelas pessoas que precisam, essencialmente, sair às ruas) — de duas a quatro semanas, a partir do final de um pico inicial de infecção; e, somente depois, após três ou quatro meses, liberar a outra metade, permitindo assim um segundo pico de infecção de forma mais gerenciável.
Os autores do estudo ainda recomendam que “para aumentar o número de pessoas que podem ser liberadas pela primeira vez, o lockdown não deve ser encerrado até que o número de novos casos confirmados diariamente atinja um limite suficientemente baixo”.
Outra estratégia analisada pela pesquisa britânica foi a chamada de “estratégia on-off”. Nesse caso, opta-se por liberar toda a população da quarentena e restabelecer o isolamento, caso necessário — ou seja, se as taxas de infecções voltarem a registrar altos números. Entretanto, segundo os pesquisadores, “o pior cenário de uma liberação gradual é mais gerenciável do que o pior cenário de uma estratégia on-off”.
Também de acordo com o levantamento britânico, para que um monitoramento contínuo da pandemia do novo coronavírus seja possível, é fundamental que exista uma identificação precisa da taxa de transmissão e da taxa de recuperação da população em relação à Covid-19.
“A mensagem para os que tomarão decisões é agir com muito cuidado e monitorar qualquer sinal de necessidade de lockdown. Nosso modelo mostra que as segundas ondas podem ocorrer muito rapidamente se as taxas de transmissão terminarem acima do esperado”, alertou um dos autores do estudo, Thomas Rawson, da Universidade de Oxford.
Essa foi uma pesquisa publicada na revista científica “Frontiers in Public Health“. Vale salientar que ela foi divulgada como “provisoriamente aceita” — o que quer dizer que o estudo já passou por revisão e aprovação de outros cientistas, todavia, ainda pode sofrer alterações e ganhar uma versão final.